segunda-feira, 17 de março de 2008

quero os simplismos
maybe not so brand
maybe not so new


or maybe a brand new try
to a brand new start


Luna
just a brand new start

sexta-feira, 14 de março de 2008

Eu te amo!

E o grito soou, no meio da noite, como um desabafo ao desamparo.
Aquele momento desconcertante.
E agora?
Agora ele sabe!

E soube. E para sempre. E como soube para sempre, nisso deu de pensar. E por mais que ela lhe falasse que era apenas êxito do gozo da noite e do prazer que sentira, a semente estava plantada.

A semente foi plantada naquele mesmo vaso, onde se plantam os sentimentos.
No vaso dele tinha semente de medo. Como quase todo vaso de homem, tinha plantado uma enorme vontade de não se envolver. A semente da insegurança era agora planta rufosa.
A sementinha do amor, tadinha, essa era só sementinha. Mal plantada, antes daquela aparição inesperada no meio da noite.

No vaso dela também tinha o medo. Semeado por muitos anos e homens. Tinha um medo enorme, planta feita. Chamava-se auto suficiência, catalogada em livros de ciência.
Essa ela regava diariamente. Tinha lido que assim se evitavam as populares ervas-daninhas-do-sofrimento.
Afinal de contas, seu jardim devia estar vistoso. Como poderia alguém se interessar por desertos áridos de terra sem vida?

A tal sementinha do amor, no entanto, quase em situação miraculosa, com intervenção de santo e padre, acabou se plantando.
No vaso dela foi primeiro, chegando-se e aconchegando-se, como se fosse sua casa, no meio do terreno árido. Que diabos aquela planta acha que é pra sobreviver à aridez que lhe impus?
Mas ali permaneceu. Sozinha.
Em sua terra não havia muita água.
Era um semi-árido que só findava no oásis da solidão e da auto-suficiência.

Atrevida como só ela, deu de querer viver. Ignorando avisos e descasos brotou. Agora era folhinha e não apenas semente. Dia após dia foram nascendo outras folhas.. outros ramos... outros galhos. A plantinha se exaltava quando, ao acordar, percebia o próprio crescimento. E se sacudia inteira, comemorando cada vitória. Ela sabia que era a alegria das vitórias sua única arma para a aridez do terreno.

Pra comemorar, Mariazinha, como fora apelidada pelas outras plantinhas do vaso, balançava-se, entregando-se ao vento. E trazia pra si a atenção. Quanto mais crescia, mais vistosa se tornava, e mais atenção chamava.

Em uma bela madrugada Mariazinha acordou. Olhou para o lado e ai meu deus!! todo um galho surgira, como mágica, ao seu lado esquerdo. Em um grito de felicidade lançou-se aos ventos e comemorou! Sentia-se forte e poderosa. Deu um grito, que soou fundo da noite escura!

Eu te amo!

o desabafo no desamparo.

Joãozinho, no vaso dele, ouviu. E deu de querer responder. Ele já ouvira de longe aquela voz. Reconhecia de longe sua amada. Sonhava diariamente em conhecê-la. Seria possível um dia criar pernas e libertar-se, correr para a beirada e gritar: Eu também!
Mas e se não fosse ele?
Joãozinho jamais vira Mariazinha. Escutara uma vez seu nome e nunca mais se esquecera.

(continua em capítulos a serem descobertos)


Luna
esse trem é muito divertido
Amor é a coisa mais estranha que nos pode acontecer.
Esse trem estranho
Chega devagarinho
Sem dar notícia de si.
De repente, quando se vê
ali ele já se instalou
No coração criou raízes
tão profundas que o envolvem por inteiro
e não é mais possível
escapar-lhe o sofrimento.

Mas junto com ele
vem todo o mundo
azul, verde, cor de rosa
e cor de pitanga
madurinha, gordinha
que a gente morde, deliciando-se
e o caldo escorre pelas mãos

amor é pra ser ser vivido assim
como pitanga madura colhida do pé
mordida com vontade
e fazendo escorrer desejos

(chupa essa pitanga!)


Luna
Se por cinco minutos
o medo deixasse de existir
e dele estivesse o mundo livre

o que aconteceria contigo?
o que aconteceria comigo?

onde está o princípio de tudo?
A coragem das pequenas coragens?

como a de dizer:
eu te amo!


Luna

terça-feira, 11 de março de 2008

tecno-logicamente
solitário



Luna
Olhos e bocas. Conversa; lágrima?
Uma expressão diferente.
Diferente. Estremeço.
Porque, afinal?
Amor, coisa mais complicada
Desconexo e harmonioso
para sempre
e finito.


Luna
Ser forte
é suportar
a fraqueza
o sentimento
a dor

E se alegrar
chorar de emoção
de dor ou de amor
e se entregar

de que vale amar sem entrega?
de que vale ser forte sem fraqueza?
de que vale a vida sem permissão?
própria, de próprio punho
sem cartório assinado
mas de coração na mão
pé na estrada
olho no horizonte
peito no outro
e liberdade de amar
amar, malamar
sofrer,
amar novamente

que somos nós senão seres de amor
em busca de amor
à procura enlouquecida de amor?


Luna
Dentro da mais profunda solidão
A descoberta está no outro
E não em si

Descobre-se a si mesmo
ser inexoravelmente
dependente
forte
sensível

Ser com o outro
e não no outro
Absolutamente
não-solitário
e em plena solidão.



Luna
Quem já provou
a delícia do amor
e o dissabor do não
Há de saber
o valor de um olhar
da intenção de um beijo
do suor de mãos e encontros

Há de saber também
da dor do laço rompido
da interrupção definida
definitiva
intransferível
e terrivelmente
impessoal.

Como pode ser
como pode aquele ser
tornar-se estranho
distante
fugidio?

Quero a vida de atriz
mas na vida real
viver um dia
e um personagem
todos os amores
e dissabores
as dores
e ao fim do dia
decidir outro papel
outros amores
e dissabores
outro romance.

Mas qual é, afinal
o romance da minha vida?



Luna
Que diabos, afinal, é isto que chamamos solidão?
Se é em nós que ela está
(e só lá ela pode existir)
Porque diabos ela continua?
Se já ordenei ao coração
à mente (in)sana
ao(s) corpo(s) são

Afinal de contas, defina-se!
Você mora em mim
ou eu em você?



Luna
o eu
o bicho mais solitário do planeta
contraposto ao nós
fruto do encontro

que faz o eu sozinho?
nada
uma imensidão
e nada
uma vastidade
e nada
todas as possibilidades à sua mão
e nada.

quando meu eu se for
por favor, recolha-o
creme seus restos e então
recolha suas cinzas.
Pulverize-as às águas
pra que, nem como restos,
possam ser "eus"

Por favor, resgate meu eu
deste mundo de eus sozinhos
permita à minha referência
o outro
os outros
os nós.



Luna

Diálogo com a solidão

Está em mim a paz
a solidão
a calma
e a vontade de ser

Mas o desejo
Esse não me pertence

Mora no outro
Esse estranho
que não me pertence
não me obedece
não é referido em mim

Como fica o desejo?
Onde está o amor?

A localização do amor
só os amantes sabem dar
é a ponte entre os dois outros
não é meu
mas também não é seu


é a des-ação
a des-vontade
é o outro em mim
transfigurado, refigurado
reticente

onde estou eu no outro?
onde está a saída da ponte?



Luna
é hj o início