As baratas são a praga mais perigosa já existente. Sim, porque nem mesmo a modernidade foi capaz de destruí-la. Tivesse a guerra fria tido outro caminhar e o mundo fosse atomicamente explodido, quais seriam os asquerosos seres que pairariam na terra e substituiriam a humanidade? As baratas!
Em verdade, sempre achei que elas têm algo de maligno em seus planos. Pense bem, as baratas estão sempre em bandos (nenhum local onde se encontra uma barata, após sua devida exterminação, está livre de uma sua irmã gêmea que chegue chegando, fingindo ser a número 1). As baratas têm antenas que certamente servem à comunicação de guerra. Reparem: é só tombar uma vítima que em seguida encontramos outro soldado ou uma tropa de elite pronta ao ataque.
Acho mesmo que a guerra fria foi elaborada pelas baratas. Elas, que têm esse jeito peculiar de andar sem serem notadas, enquanto dormimos nosso sono tranqüilo, se aproveitam disto para comer os restos de comida em nossos dentes (me tornei escovadora compulsiva de dentes depois de pensar nessa hipótese) e para sussurrar idéias absurdas em nossos ouvidos. Estou praticamente convencida da ação das baratas na criação do capitalismo. Só elas, com sua organização e número, poderiam ser capazes de bolar um plano asqueroso de disseminação de idéias estranhas. É claro que o objetivo final das baratas sempre foi esta rivalidade entre capitalismo e socialismo - este último plantado na cabeça de um número mais reduzido de pessoas. Este plano mirabolante, em curso há décadas, pretendia jogar homens contra homens e fazer com que estes decidissem pela bomba atômica e o extermínio da raça humana. Só assim elas seriam dominadoras plenas do mundo.
Mas como vimos, o plano maléfico das asquerosas foi por água abaixo. Diante de um mundo não mais polarizado as baratinhas tiveramq ue se adequar à (falta de) inteligência humana. Relatórios da CIA e FBI começavam a apontar sobre as intervenções de seres externos, mas ainda não tinham reconhecido a autoria. As baratas tinham que ser mais sutis.
E foi aí que surgiu o assombro às casas de família. Você já viu algum livro de história contar sobre as baratas em casas setecentistas? Não! Pois àquela época elas se ocupavam de outras estratégias..
Hoje as baratas se reúnem e de dissipam estratégicamente. Quando menos se espera, eis que estão te espiando no banheiro da sua casa ou do trabalho.
Tenho quase certeza de que as baratas sabem que eu compreendo suas ações. Certo dia estava dirigindo quando, repentinamente, sem a menor explicação, subiu em minha perna nua - pois estava de saia - uma asquerosa melequenta! Eu estava parada no semáforo, em plena Carlos Luz, e tamanha foi minha surpresa ao encontrar a espiã em meu próprio carro que comecei a bater enfurecidamente o pé no chão do veículo. Quase me esqueci que o freio de mão não estava puxado. Ainda bem que o motorista de trás, que não estava alheio à situação política que ocorria no meu carro, avisou-me que meu carro andava como caranguejo, e que este era o sinal para o ataque das outras.
Rapidamente, em um ataque histérico, desviei-me da legião que vinha do chão e parei o carro, bem mais à frente, longe já do risco imediato de encontrá-las de novo. Precisava me recuperar da situação. Pedi ao meu namorado que dirigisse. Seu irmão prontamente atendeu ao meu pedido e exterminar a srta. ousadia que subira em minhas pernas depiladas.
Depois deste dia devo confessar que tenho evitado o contato com estes seres. Suspeito que o cargo da srta. ousadia seja alto entre as baratas e que sua morte seja pra elas uma afronta. Elas não mais me perdem de vista: trabalho, faculdade, casa. Onde quer que eu esteja, me encontro acompanhada e vigiada.
Hoje, quando andava de ônibus, pude perceber que todos os pontos de ônibus de minha linha tinham baratas aguardando. Confesso que senti certo desconforto e a desconfiança de que na verdade me esperavam saltar do ônibus.
Uma das baratas, ao ver que eu observava, passou a caminhar apenas em formato de oito. Oito é o símbolo do infinito. Aquele era, na verdade, um protesto pela morte de srta. ousadia: as baratas eram eternas, quer eu quisesse, quer não.
O cheiro da revolução se exala novamente e aguardo, apavorada, o novo ataque das asquerosas. Tento avisar aos que estão à minha volta, mas o máximo que recebo é um olhar de complacência. E os tambores abafam a morte do imperador.
Luna
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