quero redescobrir em mim
o lugar perdido da infância
a inocência em que via o mundo
e cria, sem dó
em sua beleza inabalável
quero ouvir em mim
o lugar do canto e do afago
e a força e a coragem
de não ser uma muralha cinza
não se perder na chatice da razão
e permitir que haja menos
não
quero achar dentro de mim
o ser que ama, vorazmente
ainda que possa encontrá-lo mais paciente
ou quem sabe afobado
virá encontrar-me à porta
e dizer: entra! depressa!
quase chega sem o tempo
de pelo menos despedir-se!
o mundo é ilusão
corrói a beleza em nossos olhos
e ensina que a isso nomeamos
amadurecer
diria eu, no entanto
a-cin-podrecer
terça-feira, 5 de junho de 2012
.
Que diabos, afinal, é isto que chamamos solidão?
Se é em nós que ela está
(e só lá ela pode existir)
Porque diabos ela continua?
Se já ordenei ao coraçaõ
à mente (in)sana
ao(s) corpo(s) são
Afinal de contas, defina-se!
Você mora em mim
ou eu em você?
Se é em nós que ela está
(e só lá ela pode existir)
Porque diabos ela continua?
Se já ordenei ao coraçaõ
à mente (in)sana
ao(s) corpo(s) são
Afinal de contas, defina-se!
Você mora em mim
ou eu em você?
A beleza já esteve
em formas redondas,
Semelhantes,
e principalmente,
harmônicas
Hoje,
hoje a beleza tá na vida
na vida como ela é,
errada,
escura,
às vezes.
Sem nenhuma perfeição
um traço torto
que traduz humanidade
Hoje a beleza saiu,
passeou pelo mundo,
e descansou nos seus lábios
finos,
tortos,
e lindos.
em formas redondas,
Semelhantes,
e principalmente,
harmônicas
Hoje,
hoje a beleza tá na vida
na vida como ela é,
errada,
escura,
às vezes.
Sem nenhuma perfeição
um traço torto
que traduz humanidade
Hoje a beleza saiu,
passeou pelo mundo,
e descansou nos seus lábios
finos,
tortos,
e lindos.
Zizek já nos disse: a sociedade libertária em que vivemos é uma farsa.
Que liberdade existe em sentir-se culpado por não gozar os prazeres da libertação?
a culpa nos acompanha onde vamos
no banheiro
no quarto
nas ruas
no vazio
preenche-nos com sua inestimável presença
sufoca-nos com sua agradável irrompidão
Que liberdade existe em sentir-se culpado por não gozar os prazeres da libertação?
a culpa nos acompanha onde vamos
no banheiro
no quarto
nas ruas
no vazio
preenche-nos com sua inestimável presença
sufoca-nos com sua agradável irrompidão
Como deixar que a emoção flua e conviva com a razão que tudo esquadrinha, mede, opina.
A emoção é a não opinião. É sentir antes de pensar e estar liberado para que o mundo possa se derreter em sua frente e sua crença no derretimento não titubear.
Solta-se um fio dentro de mim, que ainda terá um grande novelo a desembolar até que eu possa descompreender, desmortificar, desracionalizar.
a culpa por viver só vem da razão.
A emoção é a não opinião. É sentir antes de pensar e estar liberado para que o mundo possa se derreter em sua frente e sua crença no derretimento não titubear.
Solta-se um fio dentro de mim, que ainda terá um grande novelo a desembolar até que eu possa descompreender, desmortificar, desracionalizar.
a culpa por viver só vem da razão.
domingo, 15 de abril de 2012
se foi de ti que isso partiu
como conceber
que exista espaço pro amor
que o amor possa se entregar
que não há medo sem solução
se foi de ti que isso partiu
o que fazer da crença
de que, ainda que cega,
estaria segura
embalada em firmes cordões
que acalmariam meus temores
se foi de ti que isso partiu
morreu um pouco a esperança
de uma humanidade mais bonita
de uma tranquilidade mais sincera
de um amor mais afagado
fica em mim a dor triste
de lembrar que, enfim,
somos todos poetas
como conceber
que exista espaço pro amor
que o amor possa se entregar
que não há medo sem solução
se foi de ti que isso partiu
o que fazer da crença
de que, ainda que cega,
estaria segura
embalada em firmes cordões
que acalmariam meus temores
se foi de ti que isso partiu
morreu um pouco a esperança
de uma humanidade mais bonita
de uma tranquilidade mais sincera
de um amor mais afagado
fica em mim a dor triste
de lembrar que, enfim,
somos todos poetas
o que me contou você
como agora acreditar
se a fantasia de calmaria
se espantou na multidão
e novos olhares se revelaram
sob a mesma e calma face
como agora acreditar
que o coração pode adormecer
tranquilamente ser acordado
e saber onde está
como agora acreditar
que tudo aquilo que ficou
em nuvens cinzas do passado
esquecidas na branquidão dos dias
realmente se distancia de mim
como agora acreditar
que em tudo que o peito disse não
não havia uma verdade
se a construção
não se tornou um sopro
do desejo
e tudo que se deixou pra trás
agora vacila diante de nós
o que dizer deste retorno
à maior das naturalidades
ao velho e conhecido momento
em que a ilusão se dissipa
e a tristeza se instala
como agora acreditar
se a fantasia de calmaria
se espantou na multidão
e novos olhares se revelaram
sob a mesma e calma face
como agora acreditar
que o coração pode adormecer
tranquilamente ser acordado
e saber onde está
como agora acreditar
que tudo aquilo que ficou
em nuvens cinzas do passado
esquecidas na branquidão dos dias
realmente se distancia de mim
como agora acreditar
que em tudo que o peito disse não
não havia uma verdade
se a construção
não se tornou um sopro
do desejo
e tudo que se deixou pra trás
agora vacila diante de nós
o que dizer deste retorno
à maior das naturalidades
ao velho e conhecido momento
em que a ilusão se dissipa
e a tristeza se instala
de mim você teve tudo
a angústia, a dúvida, a casa, o ventre
entregues dia após dia
num turbilhão que se tentava entender
dia após dia
tentando ser o que se deve
ver o que se deve
sentir o que se deve
entregando-se ao que se deve
dia após dia
quando a confiança
já confusa dos dias
se entregou em não perguntas
surge o estouro
de arrebentar veias
a tentativa parece ridícula
a visão está frouxa
o sentimento estilhaçado
dia após dia
dia após dia
reconstroem-se
penas
olhares
desejos
angústias
angústia que volta
angústia que vai
num canto de ninar
a quem não sabe o que dizer
de seu mundo que não é mais seu
de sua boca que não é mais sua
da saliva que tanto enlouqueceu
e do dedo que não mais reconhece a superfície
do desejo de vida
sobra pulsão
escondida, bem querida
bem no fundo do coração
e a gente, sem saber,
se a deixa vir ou não
a angústia, a dúvida, a casa, o ventre
entregues dia após dia
num turbilhão que se tentava entender
dia após dia
tentando ser o que se deve
ver o que se deve
sentir o que se deve
entregando-se ao que se deve
dia após dia
quando a confiança
já confusa dos dias
se entregou em não perguntas
surge o estouro
de arrebentar veias
a tentativa parece ridícula
a visão está frouxa
o sentimento estilhaçado
dia após dia
dia após dia
reconstroem-se
penas
olhares
desejos
angústias
angústia que volta
angústia que vai
num canto de ninar
a quem não sabe o que dizer
de seu mundo que não é mais seu
de sua boca que não é mais sua
da saliva que tanto enlouqueceu
e do dedo que não mais reconhece a superfície
do desejo de vida
sobra pulsão
escondida, bem querida
bem no fundo do coração
e a gente, sem saber,
se a deixa vir ou não
segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
Hoje peço ajuda pra conseguir ver um pouco além dessa nuvem de fumaça. Pra acreditar de coração pleno e bonito que a grama pode ser verde ou azul e que ainda assim será amada. E que o amor ainda existe. Pra olhar adiante com algum alívio no peito e alguma leveza no olhar e aquela ligeira sensação de cócegas que a felicidade ingênua nos dá.
Hoje eu só queria um afago do mundo. Não mais mortes. Não mais violências. Não mais inquestionáveis absurdos.
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