de mim você teve tudo
a angústia, a dúvida, a casa, o ventre
entregues dia após dia
num turbilhão que se tentava entender
dia após dia
tentando ser o que se deve
ver o que se deve
sentir o que se deve
entregando-se ao que se deve
dia após dia
quando a confiança
já confusa dos dias
se entregou em não perguntas
surge o estouro
de arrebentar veias
a tentativa parece ridícula
a visão está frouxa
o sentimento estilhaçado
dia após dia
dia após dia
reconstroem-se
penas
olhares
desejos
angústias
angústia que volta
angústia que vai
num canto de ninar
a quem não sabe o que dizer
de seu mundo que não é mais seu
de sua boca que não é mais sua
da saliva que tanto enlouqueceu
e do dedo que não mais reconhece a superfície
do desejo de vida
sobra pulsão
escondida, bem querida
bem no fundo do coração
e a gente, sem saber,
se a deixa vir ou não
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