terça-feira, 5 de maio de 2009
Eu, na verdade não sei. Não sei como definir essas coisas tão inexatas como querenças e existenças. Eu tenho sempre muitas dúvidas, e talvez na verdade goste delas. Pode alguém gostar das próprias dúvidas? Eu acho que não sirvo pra falar, pra dizer, definir alguma coisa ou alguém. Eu gosto dessa região turva e estranha do pensamento inacabado. Até meu cabelo é turvo e estranho às vezes. Às vezes preto, às vezes castanho e com o sol ele de quando em quando chega a um quase loiro. Meu olho fala tanto de mim que quase cala, tão confuso deixa quem vê. Eu acho que eu pareço um olho pendurado num chumaço de cabelo turvo e claro, num suporte estranho de peles e ossos. Deve ser por aí. E dentro desse olho e cabelo e pele e osso tem sempre uma coisa que borbulha, um não-sei-o-que de quente e de vazio e de explosão também. Mal cabe tanta coisa. E às vezes realmente não cabe. Escorre viscoso e me assusta. Às vezes eu também sou susto. Talvez até muitas vezes.
STL
São Thomé das Letras
São Tantas as Letras
Saudades Tensas em Letras
Letras de Saudade em Tinta
Traz a Saudade Logo
Livra a Tensão Suave
Sobe Livre de Ti
Trouxe o Santo Libério
Sem
Ti
Louca-me
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Trouxe o Santo Libério
Sem
Ti
Louca-me
sexta-feira, 1 de maio de 2009
quinta-feira, 30 de abril de 2009
A solidão dói. Máscara de gelo que envolve meu corpo. Rachaduras que não se sabem passagem ou tampão pra um eu mais macio, se ainda me lembro que é maciez. Quilômetros separam-me de ti. Insistem em se alongar, criam espaços infindos e instransponíveis, onde nenhuma ponte tem engenharia possível. E já nem sei em mim o que é carência, falta, desejo ou simples tesão. A faísca me atrai, irresistíveis dez segundos de amor. Em seguida cai, obsoleta, inerte, errônea.
Haverá calor suficiente pra que Antártida se degele?
Haverá calor suficiente pra que Antártida se degele?
domingo, 26 de abril de 2009
domingo, 19 de abril de 2009
Não
Não me queira
não me toque
não me olhe
não me cheire
não me fale
não me veja
não me inspire
não me lamba
não me morda
não me alcance
não me beije
não me atice
não me escute
não me falte
não me escorra
não me prenda
não me ame
não me pingue
não me deixe te amar
não me toque
não me olhe
não me cheire
não me fale
não me veja
não me inspire
não me lamba
não me morda
não me alcance
não me beije
não me atice
não me escute
não me falte
não me escorra
não me prenda
não me ame
não me pingue
não me deixe te amar
terça-feira, 14 de abril de 2009
sábado, 11 de abril de 2009
quinta-feira, 9 de abril de 2009
letras de saudade
tu
teu cheiro
nós
em laços
subindo
subindo
coração era uma flor
que se entregava
delicadeza dum afago
como o buquê que me destes
minha língua
nada diz
apenas aguarda
lembrando o encontro da tua
e a festa que fazia
por existirmos
minha pálpebra
recusa-se
a abrir-se ao mundo
sem tua presença
o coração
esqueceu-se
pensa que bater é questão de capricho
paralisa meu sangue
corta minhas veias
sufoca meu ar
teu cheiro
nós
em laços
subindo
subindo
coração era uma flor
que se entregava
delicadeza dum afago
como o buquê que me destes
minha língua
nada diz
apenas aguarda
lembrando o encontro da tua
e a festa que fazia
por existirmos
minha pálpebra
recusa-se
a abrir-se ao mundo
sem tua presença
o coração
esqueceu-se
pensa que bater é questão de capricho
paralisa meu sangue
corta minhas veias
sufoca meu ar
pinga de tua boca
o fel com que me feriste
traça no chão
um torto caminho
gota após gota
sangue
saliva
suor
excretos que se misturam
comigo
com a poeira
que juntos construímos
a língua agora toca
céu de veneno
e meu sexo despreza o teu
com as unhas
me rompes o peito
deixas à mostra
coração em sangue
amarrado
algemado
petrificado
vivo
o fel com que me feriste
traça no chão
um torto caminho
gota após gota
sangue
saliva
suor
excretos que se misturam
comigo
com a poeira
que juntos construímos
a língua agora toca
céu de veneno
e meu sexo despreza o teu
com as unhas
me rompes o peito
deixas à mostra
coração em sangue
amarrado
algemado
petrificado
vivo
a violência dos teus olhos
invade-me
sem dó
com um giro de olhar
contorço minhas pernas
fecho-as
forte
no momento seguinte
os olhos novamente
encontram-se
fazem encontrar
todo meu corpo
em teu corpo
cola-os como amantes
infiéis
que se grudam em todo lugar
penetras-me
e finges não saber
que teu sangue escorre em mim
e teu sêmen me invade
explodindo o oco útero
invade-me
sem dó
com um giro de olhar
contorço minhas pernas
fecho-as
forte
no momento seguinte
os olhos novamente
encontram-se
fazem encontrar
todo meu corpo
em teu corpo
cola-os como amantes
infiéis
que se grudam em todo lugar
penetras-me
e finges não saber
que teu sangue escorre em mim
e teu sêmen me invade
explodindo o oco útero
domingo, 5 de abril de 2009
cru
quero verdade verdadeira
e mundo sem medo
quero inteiro
sentido
vivido
cheirado
quero amor
e mais amor
louco
de tanta sanidade
quero olho que veja
e boca que diga
mundo revirado
verdade revelada
sensibilidade tocada
humanidade.
será possível que é tanto o que peço?
e mundo sem medo
quero inteiro
sentido
vivido
cheirado
quero amor
e mais amor
louco
de tanta sanidade
quero olho que veja
e boca que diga
mundo revirado
verdade revelada
sensibilidade tocada
humanidade.
será possível que é tanto o que peço?
sábado, 4 de abril de 2009
terça-feira, 24 de março de 2009
terça-feira, 10 de março de 2009
segunda-feira, 9 de março de 2009
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
Ainda que eu tenha tentado fazer um quadro sem brancos
E pintar toda a minha tela
Ver em toda ela cores que me fizessem sentido e que me fizessem parte
E me colocar nessa situação de completude
Nem no quadro isso é possível
Nem minha tela está completa
Repousa a anos-luz dessa possibilidade
E talvez nunca chegue lá.
E pintar toda a minha tela
Ver em toda ela cores que me fizessem sentido e que me fizessem parte
E me colocar nessa situação de completude
Nem no quadro isso é possível
Nem minha tela está completa
Repousa a anos-luz dessa possibilidade
E talvez nunca chegue lá.
O verde é o que me permite sobreviver
É o que me trouxe até aqui
É onde está minha segurança
E o meu ser
Passado
O azul anuncia um novo substrato
E na mistura do vermelho
Torna-se roxo
Indeciso
Mas forte.
O substrato tem camadas não pintadas
Um branco tão branco que não faz o menor sentido
O substrato só faz sentido pra mim.
Ou, o substrato não faz sentido algum.
O que importa nele não é a cor,
É a experiência.
O que importa nele é a vida.
Crua.
É o que me trouxe até aqui
É onde está minha segurança
E o meu ser
Passado
O azul anuncia um novo substrato
E na mistura do vermelho
Torna-se roxo
Indeciso
Mas forte.
O substrato tem camadas não pintadas
Um branco tão branco que não faz o menor sentido
O substrato só faz sentido pra mim.
Ou, o substrato não faz sentido algum.
O que importa nele não é a cor,
É a experiência.
O que importa nele é a vida.
Crua.
Entre a arte e o mundo
Uma parede roxa escura
É ela que separa
O cinza da vida
Da cor da vida
O passado tem paredes mais grossas
Meu presente se desvia
Se permite
É bem verdade que o roxo foge da parede
E por vezes alcança tanto um lado quanto outro
De uma hora pra outra
Uma flor linda aparece
Como uma brisa leve
Que toca nosso rosto como se fosse poesia
É bem verdade que o roxo pode sair
A arte tem mais sangue que a vida
Uma parede roxa escura
É ela que separa
O cinza da vida
Da cor da vida
O passado tem paredes mais grossas
Meu presente se desvia
Se permite
É bem verdade que o roxo foge da parede
E por vezes alcança tanto um lado quanto outro
De uma hora pra outra
Uma flor linda aparece
Como uma brisa leve
Que toca nosso rosto como se fosse poesia
É bem verdade que o roxo pode sair
A arte tem mais sangue que a vida
Tenho medo da convulsão
Tenho medo de me perder e nunca mais voltar
Que faço desse mundo de ilusão que crio pra mim
Ou de extrema realidade
Que faço das cores que invadem, e me tiram o sentido tosco da vida?
O que vou fazer se não mais suportar não vive-las??
Tenho medo
Medo profundo por não ter mais controle de mim
Tenho medo de me perder e nunca mais voltar
Que faço desse mundo de ilusão que crio pra mim
Ou de extrema realidade
Que faço das cores que invadem, e me tiram o sentido tosco da vida?
O que vou fazer se não mais suportar não vive-las??
Tenho medo
Medo profundo por não ter mais controle de mim
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
Seus cabelos eram azuis. Ou talvez lilás, verde-água, com rajadas amarelas.
A boca, muito vermelha, anunciava o gozo de sua existência.
A sombra verde que seus olhos produziam no rosto pálido e magro reluzia ao invés de dormir.
A sombrancelha tinha tons roxos, que se mesclavam ao marrom do nariz.
Uma linha azul escura caminhava em torno daquela mulher, protegendo-a como a um filho sem mãe.
Rajadas amarelas e arco-íricas provavam sem êxito ultrapassá-la.
Um dia a mulher divertiu-se com a pequena rosa que nascia sob a aspereza do asfalto cinza em frente à sua casa e a aquarela mesclou para sempre sua existência multicor.
A boca, muito vermelha, anunciava o gozo de sua existência.
A sombra verde que seus olhos produziam no rosto pálido e magro reluzia ao invés de dormir.
A sombrancelha tinha tons roxos, que se mesclavam ao marrom do nariz.
Uma linha azul escura caminhava em torno daquela mulher, protegendo-a como a um filho sem mãe.
Rajadas amarelas e arco-íricas provavam sem êxito ultrapassá-la.
Um dia a mulher divertiu-se com a pequena rosa que nascia sob a aspereza do asfalto cinza em frente à sua casa e a aquarela mesclou para sempre sua existência multicor.
domingo, 25 de janeiro de 2009
Borderline (versão II)
Borderline!
jogo ou não jogo?
viro ou não viro?
admito ou viro a mesa??
mulher
errada
errante
gritante
um peito
e nem é silicone
Borderline!
um jogo
um vício
um grito
incompreensão!
borderline!
jogo ou não jogo?
viro ou não viro?
admito ou viro a mesa??
mulher
errada
errante
gritante
um peito
e nem é silicone
Borderline!
um jogo
um vício
um grito
incompreensão!
borderline!
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
Homenagem
A Zazá
é muito Za
Zabomba
Zalinda
Zagrande
Zaforte
Za-asa-aberta-pro-mundo-que-descobre-felicidade
E eu fico feliz de ser
amiga dela
é muito Za
Zabomba
Zalinda
Zagrande
Zaforte
Za-asa-aberta-pro-mundo-que-descobre-felicidade
E eu fico feliz de ser
amiga dela
Estradinha
Onde dá esse rio?
Vai de Minas pra São Paulo
num café-com-leite brabo
De lá corre mundo
Suspende, atravessa
Américas
Imigra, retira
viaja, circula
incha, desfaz
revira
conhece
deságua
torna-se-mar-e-água-se-para-sempre
Vai de Minas pra São Paulo
num café-com-leite brabo
De lá corre mundo
Suspende, atravessa
Américas
Imigra, retira
viaja, circula
incha, desfaz
revira
conhece
deságua
torna-se-mar-e-água-se-para-sempre
Sobre o vir a ser
Freneticamente
apreensiva
madrugada
coração-a-mil-que-se-aperta-sem-saber
just
(delicamente)
a fool
apreensiva
madrugada
coração-a-mil-que-se-aperta-sem-saber
just
(delicamente)
a fool
sábado, 10 de janeiro de 2009
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
papel e caneta (re-visitando old writtings2)
O mundo digital ainda não foi capaz de recriar a sensação do papel e caneta ao escrever sentimentos ou reflexões íntimas.
Rabiscar uma palavra, puxar um parágrafo, com setinhas, para cima ou para baixo, escrever acima de uma palavra um sinônimo ou termo a se pensar, ou simplesmente escrever com uma letra dificilmente decifrável.
A liberdade do papel me atrai irremediavelmente.
E rendo-me às invenções de um milênio que ficou pra trás
Rabiscar uma palavra, puxar um parágrafo, com setinhas, para cima ou para baixo, escrever acima de uma palavra um sinônimo ou termo a se pensar, ou simplesmente escrever com uma letra dificilmente decifrável.
A liberdade do papel me atrai irremediavelmente.
E rendo-me às invenções de um milênio que ficou pra trás
re-visitando old writtings
escolher não é uma escolha
viver é escolher
a não escolha é tão somente
a escolha de não ver
somos responsáveis por nossas vidas
viver é escolher
a não escolha é tão somente
a escolha de não ver
somos responsáveis por nossas vidas
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