a vida queima na serra de são josé
durante todo dia o fogo
e durante a noite também
labaredas dançantes ao uivo dos ventos
a vida queima na serra de são josé
pequenez invisível aos olhos humanos
pardais, joaninhas, lagartos e fadinhas
são agora lembranças de muitas torras
a vida queima na serra de são josé
refletida em minhas retinas
a dor de tantas perdas
invisíveis ao homem comum
o ipê, a florescência que beira o riacho
os sapos, os coelhos e as pequenas raposas
todas abaixo do todo poderoso da cadeia alimentar
a vida queima na serra de são josé
mas só vale o perigo quando a casa é humana
casa de bicho não importa
de planta menos ainda
esses podem virar fogo e vento e cinzas
a vida importa na serra de são josé
essa mesma, pequenina, rasteira, rastejante
a aranha, o morcego, as formigas e o tamanduá
as libélulas, as borboletas, e cada bico e pena a voar
a vida queima - e importa
e ouvir seu som estala em mim a humanidade
a toda poderosa, senhora dos destinos
que define quem fica e quem vai
quem vive, quem pode, quem morre
quem não faz a menor diferença
a vida queima na serra de são josé
as lágrimas são mais que humanas
serão visíveis?
a vida importa na serra de são josé
essa que se desfaz e venta a poeira do que foi
terça-feira, 7 de outubro de 2025
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