sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

a insanidade me mantém
viva

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

MINERAR O BRANCO

random
a itália é contínua
cidades contínuas
rua, praças, muitas
construções contínuas no tempo
e no espaço
espaços vazios preenchidos pelo peso da história
espaços que transbordam,
público e privado
criatura e criação
caldo de cultura
cimento
sobreposições
e tempo


Luna

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

chove
chove muito lá fora
meu coração transborda de fora pra dentro
inquieto
insípido
incolor
pequenino


Luna

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

ahh tá brigada


Renata (cunhando Maripousa)
sua independência ainda te deixa cega

zakia hachem

sábado, 6 de dezembro de 2008

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

quando a vida invade
a poesia me vem a boca
e um leve sabor de anis
me bate à porta

temo não ter chão
no segundo seguinte.
pulso acelerado
olhos que vêem

a loucura visita
finjo não ter pressa
convido-a para um café
e gozo sua estadia


Luna
Los sonidos m'invadem a alma
gota de mágoa doce
que inunda o coração

o vinho inebriante
(sim, mais uma vez o vinho)
aguça o desejo
e a poesia
e nos vemos novamente
reféns.
da gota,
do som,
da embriaguez
e da dor


Luna

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

A solidão é uma coisa muito engraçada. Pega a gente de surpresa. De repente estamos bem, cantando alegremente a existência. No momento seguinte aquela pontada de tristeza anoitece o coração. Vai entender. Ele aperta, fica miúdo, quietinho, à espera de alguém que o sacuda.
Tô colocando meu coração à mostra. À espera de saculejadas.
Será que alguém se interessa por isso?


Luna
a poesia tá em todo lugar
é tudo uma questão de olhar
e a rima nem foi proposital

hoje a poesia me visitou pelo olfato
era o cheiro de pão da casa da minha vó.
Não era qualquer pão. Nem qualquer cheiro.
Era pão de padaria, mas comprado pelo meu vô.
Era uma mesa comum, mas a da sala da vovó.

e aquele cheiro único, invadindo o meu pensamento de água na boca.


Luna

domingo, 30 de novembro de 2008

Tom Zé: "é, não são as outras não. São vocês que transam sem gozar".

estranho o mito da liberdade sem liberté, do sexo sem (será?) prazer e das fêmeas a-sexuadas (ou pelo menos a-orgasmáticas, quem sabe até a-clitorianáticas, seja lá como se diga isso).
Não só a culpa de Eva nos despenca à cabeça, pesando ao menos 3 mil kg em cada mulher. A modernidade e a revolução sexual trouxeram mais alguns kgs de maçazinhas.
Agora além do pecado original e do sexo como errado e despudorado - e quem dera esse pudesse ser um sentimento de verdadeiro despudor - evas modernas têm que se ver com mais uma obrigação: gozar.
Claro.
E não adianta vir com essa desculpa de sentir-se culpada (com o perdão do trocadilho)! Afinal de contas a revolução sexual libertou as fêmeas deste fardo e é impossível que com tantos peitos, bundas e sexo vendidos aos olhos alguém ainda tenha coragem de se sentir inseguro ou incerto. Aliás, o que que é isso mesmo?
A bem dizer posso me considerar típica mulherzinha moderna pra trepar. Morro de tesão (pelo menos na maioria das vezes), adoro provocar e atropelo etapas facilmente. Consumo e perco o mistério da saia no joelho logo no primeiro dia. Mantenho a pose de mulher sarada e tarada - a essas alturas louca pra dar e aliviar um pouco a agonia do tempo que passa, enlouquecida com minha própria vida - e pouco tempo de preliminares depois - afinal, tempo é dinheiro - e o enorme desejo de invasão se torna tão grande quanto irresistível. Só acho que nesse caso nossa grande máxima acaba se entortando. É verdade que a propaganda é a alma do negócio - será que é por isso que continuamos dando por aí? - mas o desfecho dessa história costuma ser um tanto quanto frustrante. Depois de tanta pele e superfície, de exibir toda a propaganda de si em míseros minutos, a invasão ocorre apenas superficialmente, por qualquer buraco que temos. Não importa o tamanho do instrumento da invasão - embora, é claro, a propaganda dos avantajados seja "naturalmente" (com tudo o que há de natural em uma propaganda) mais sedutora. Ela é sempre curta e desorganizada, como as tentativas de greve em Belo Horizonte. Tenta uma entrada aparentemente aprofundada mas de força invasora tão tímida que não só não passa despercebido como também infelicita toda a alma vitrinada minutos antes.
Por outro lado, vitrines também que somos de um sexo livre e selvagem, fugimos - como boas atrizes em palco público - mas o que será um palco privado?? - - para ter o homem que sobrevoa a cidade, inflado de ego, nos dando sossego ao menos temporário durante sua viagem.
Devo agradecer, no entanto, aos publicitários. Sem eles talvez já tivesse me entregado à vida monacal.
Ou aprimorado a intenção de gueixa imemorável.


Luna
Deixo crescer o cabelo o bastante
até que se possa bem curto cortá-lo
a mania da mudança me acomete
e é uma pena que também me acometa essa porca linguagem
que ainda busca, ridiculamente, proximidade àlguns que admiro

que merda de cultura é essa que me faz prezar pela aparência, pelo bojo, até mesmo da linguagem? A superfície e não o conteúdo. Admirar quase sempre significa invejar, seja em bom ou mal sentido. De onde tiraram, afinal de contas, que tudo o que me apetece os sentidos ao ponto de me deixar enaltecida, admirada, é para ser imitado ou mesmo almejado?

As grandes bobagens e linguagens chulas fazem parte do que eu sou - e do que ser humano é. Adeus às prisões da fala e escrita.
Vou-me embora para Pasárgada!
(que pra mim sempre teve som de s, mesmo que tivesse que ter som de z)

Não quero "lembrar" ninguém, comparar-se a ou ser colocada no rol de. Sou peça única. A forma jogaram fora quando nasci, felizmente. Nem um irmão gêmeo ganhei para entrar em paradoxo.

Apenas Renata Santos.

Muito prazer.



Luna
Nenhuma pureza tenho
pra ser infringida pelo teu ser
Apenas tristeza de saber-te pra sempre
impossível.
Impossível o desejo
Impossível o amor de homem e mulher
Impossível o sexo reparador
e avassalador
Tua escolha não é apenas outra mulher
Escolheste, sem ainda saber,
a difícil vida entre iguais

E nada em minha existência
feminina
poderia aplacar esta sede
Foi-se embora um mundo construído
sob pilares de puro ar
que o mais brando sopro de vento
leva embora

o que me aflige é a injustiça do teu ser.
A tão justa injustiça da vida
que te põe ao meu lado
só pra provar
que este lado jamais ocorreu.


Luna
Quem invém lá?

A dor que dói também me conforta.

Surpresa.

Indagação.

Vida.



Luna
agosto

gosto

estou

o gosto

o gozo

o gosto amargo


saara vermelho

no meio do peito




Luna

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Beija-me a boca
um estranho
invade, toma o que é teu
o amor
o corpo desnudado
o ventre palpitante

o amor me invade
e arrasa comigo
me cheira o pescoço
e me puxa os cabelos

e eu, sem saber
me entrego de vez
ao meu próprio poseidon.
consumo.
desfaço.
entro.
abandono.

acompanho.
só.


Luna
a luz cega nossos olhos.
a retina se contrái, tímida
diante de tanto mundo
o coração disparado
traz consigo a força
da vida. do medo.
do encontro.

arte é encontro
de desejo, esperança
público, platéia, compositor
amor e ódio
vulcão e lagoa.

vai embora daqui!
leve consigo esta obrigação
de ter o que dizer
de parecer legal
ou inteligente

vai embora com suas regras e formas
meu coração não quer se adaptar!
não há necessidade.
já sou livre.

sinto livre.
penso livre.
amo livre.

Expulso os quadros e réguas
meus limites não são mensuráveis.
O que é o metro frente ao infinito?

que é esse medo da crítica
que paralisa
conserva
eternamente
entediante?

livrai-nos dos grilhões
da inteligência e da sensibilidade
deixai-nos ser, simplesmente.
Livres. Leves. Soltos
Gente, humana.
Errada, incerta, torta.
E linda.




Luna

Conversas na madrugada II

O que é ser artista afinal de contas?
O que é que a gente pode fazer no mundo?
Como atingimos as pessoas?
Como saber se o que fazemos faz alguma diferença nesse mundo de deus?
Ahh! esse enorme eterno deus e o universo ao redor que nos põe a infinita pergunta!
o que somos?? ora onde vamos?? o que acontecerá na hora que a matéria não mais existir e nosso corpo estiver decepado? Virado resto. Comida de bactéria.
Que ligação é essa com o mundo? Com a vida? Com todo mundo em volta que é inescapável e que parece inexistir para muitos em volta?
destino irônico este..
lutar sozinha contra a solidão!
lutar sozinha contra o desvínculo!
será que isso realmente faz sentido?


Luna

Conversas na madrugada

essa dor...
é esse amor incontrolável que explode por dentro!
que aumenta irremediavelmente
a cada experiência de alegria e felicidade.
O que é isso?
É vida!
É a mais completa experiência de vida que posso ter!
É sangue. O vermelho da flor.
O amor que me corre nas veias.
E é por isso que preciso
é por isso que preciso da arte.
E por isso sinto que não já não sei o que fazer de mim.
Não sei mais como aquietar este ser.
Não sei como deixar de ser
pétala vermelha em flor branca
ovelha negra.. ou rubra quem sabe.
Vinho inebriante.
Completamente sóbria.


Luna

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Não sei

Não sei... se a vida é curta
ou longa demais pra nós,
mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocarmos
o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
braço que envolve,
palavra que conforta,
silêncio que respeita,
lágrima que corre,
olhar que acaricia,
amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo,
é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
não seja nem curta,
nem longa demais,
mas que seja intensa,
verdadeira, pura...
Enquanto durar.

Cora Coralina

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Às vezes a gente vai-se fechando dentro da própria cabeça, e tudo começa a parecer muito mais difícil do que realmente é. Eu acho que a gente não deve perder a curiosidade pelas coisas: há muitos lugares para serem vistos, muitas pessoas para serem conhecidas.

Caio Fernando Abreu

sábado, 25 de outubro de 2008

tous les jours
aprendendo
rapidamente raciocínio
lento sentido


Luna

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Refletir é transgredir a ordem do superficial.

domingo, 21 de setembro de 2008

Porra-loquice, pra mim, tem a ver com essa liberdade de ser e sentir. E a liberdade de ser e sentir pra mim só pode se concretizar em uma verdadeira experimentação dos sentimentos e cores do mundo. É deixar que a vida nos dê saculejadas e deixe o coração miúdo, apertado, as lágrimas escorrendo quase involuntariamente. Mas também é proporcionar momentos de alegria, seja profunda e intensa, ou serena e constante, conforme os rumos da vida em cada momento. Porra-loquice pra mim não é encher a cara, dar beijos coletivos ou transar a 3 ou mais. É bem maior do que isso tudo. Porra-loquice pra mim é viver com coragem o suficiente pra sentir o que a vida tem pra dar, intensamente, a cada momento. É se abrir pro mundo de possibilidades que todos os dias batem à nossa porta e que, na maioria das vezes, simplesmente ignoramos. E por tudo isso eu me considero e quero pra sempre ser porra-louca

Luna

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

poeminha

Até Deus duvida
e não sabe saber
quando a loucura acaba
ou descomeça a ser

intensa e profundamente
mudanças vão e vêm
dispo-me diariamente
de tudo o que me convém

o que será de mim
(será que um dia acaba)
e o que é de mim
será que dia pára?


Luna

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

livre, então.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Desfaço-me todos os dias.
Os dias aquecem meu ser.
Meu ser enlouquece em pensamentos vãos.

De onde vem a razão?
Pra onde vão os sentidos?

A mudança é completa
Constante
Angustiante

De onde vêm os sentidos?
Pra onde vai a razão?

Refaço-me.
Ser alienígena.
Desfaço-me
terráquea errante.


Luna
Sou a dúvida descristalizada
o futuro do talvez não venha a ser
a mutação constante

Sou amor, generoso, enlouquecido.
Luar da noite dos amantes
e sol que queima todo o dia

Sou pra sempre
Pra ontem
Por apenas um instante
E mudo-me novamente.

Sou pavor e conforto
Amor e precipício
Solução e amargura.

Sou o caos e a razão.
A loucura e a razão.
O amor e o amor.


Luna

domingo, 18 de maio de 2008

e se deus viesse
em seu cavalo alado




Luna
saudade meu amor...

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Insônia

Insônia.


Me perco na lembrança de teus beijos.

Teus lábios me tocando,

o corpo em chamas,

desejo e dor.


Dor de quem ama.

Intensa e profundamente.

Dor de quem se sabe para sempre perdida.

Em chamas, desejo e dor.


Dor de quem vê a vida ser levada,

acorrentada ao passo teu.


Dormir pra que se mesmo em sonho vens me roubar?

O sono, o teto, o riso, o lago e o olhar?


Dormir pra que, se sei que a manhã vem de mim te afastar?


Luna

sábado, 26 de abril de 2008

será que não é uma escolha possível?
estarei velha e decadente?
a arte é reservada apenas aos que a descobrem neonatos?
silêncio
ou revolução

porque será que o peito não acalma..
e a vida aí..
pedindo, implorando, exigindo
viva! viva!

o que faço de mim?
em mim?

como viver e sufocar
tudo o que trago por dentro?

e invade a tristeza...


Luna
?


(silêncio)


.






Luna

quinta-feira, 17 de abril de 2008

auuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu

quarta-feira, 9 de abril de 2008

As baratas que eu não vejo

As baratas são a praga mais perigosa já existente. Sim, porque nem mesmo a modernidade foi capaz de destruí-la. Tivesse a guerra fria tido outro caminhar e o mundo fosse atomicamente explodido, quais seriam os asquerosos seres que pairariam na terra e substituiriam a humanidade? As baratas!
Em verdade, sempre achei que elas têm algo de maligno em seus planos. Pense bem, as baratas estão sempre em bandos (nenhum local onde se encontra uma barata, após sua devida exterminação, está livre de uma sua irmã gêmea que chegue chegando, fingindo ser a número 1). As baratas têm antenas que certamente servem à comunicação de guerra. Reparem: é só tombar uma vítima que em seguida encontramos outro soldado ou uma tropa de elite pronta ao ataque.
Acho mesmo que a guerra fria foi elaborada pelas baratas. Elas, que têm esse jeito peculiar de andar sem serem notadas, enquanto dormimos nosso sono tranqüilo, se aproveitam disto para comer os restos de comida em nossos dentes (me tornei escovadora compulsiva de dentes depois de pensar nessa hipótese) e para sussurrar idéias absurdas em nossos ouvidos. Estou praticamente convencida da ação das baratas na criação do capitalismo. Só elas, com sua organização e número, poderiam ser capazes de bolar um plano asqueroso de disseminação de idéias estranhas. É claro que o objetivo final das baratas sempre foi esta rivalidade entre capitalismo e socialismo - este último plantado na cabeça de um número mais reduzido de pessoas. Este plano mirabolante, em curso há décadas, pretendia jogar homens contra homens e fazer com que estes decidissem pela bomba atômica e o extermínio da raça humana. Só assim elas seriam dominadoras plenas do mundo.
Mas como vimos, o plano maléfico das asquerosas foi por água abaixo. Diante de um mundo não mais polarizado as baratinhas tiveramq ue se adequar à (falta de) inteligência humana. Relatórios da CIA e FBI começavam a apontar sobre as intervenções de seres externos, mas ainda não tinham reconhecido a autoria. As baratas tinham que ser mais sutis.
E foi aí que surgiu o assombro às casas de família. Você já viu algum livro de história contar sobre as baratas em casas setecentistas? Não! Pois àquela época elas se ocupavam de outras estratégias..
Hoje as baratas se reúnem e de dissipam estratégicamente. Quando menos se espera, eis que estão te espiando no banheiro da sua casa ou do trabalho.
Tenho quase certeza de que as baratas sabem que eu compreendo suas ações. Certo dia estava dirigindo quando, repentinamente, sem a menor explicação, subiu em minha perna nua - pois estava de saia - uma asquerosa melequenta! Eu estava parada no semáforo, em plena Carlos Luz, e tamanha foi minha surpresa ao encontrar a espiã em meu próprio carro que comecei a bater enfurecidamente o pé no chão do veículo. Quase me esqueci que o freio de mão não estava puxado. Ainda bem que o motorista de trás, que não estava alheio à situação política que ocorria no meu carro, avisou-me que meu carro andava como caranguejo, e que este era o sinal para o ataque das outras.
Rapidamente, em um ataque histérico, desviei-me da legião que vinha do chão e parei o carro, bem mais à frente, longe já do risco imediato de encontrá-las de novo. Precisava me recuperar da situação. Pedi ao meu namorado que dirigisse. Seu irmão prontamente atendeu ao meu pedido e exterminar a srta. ousadia que subira em minhas pernas depiladas.
Depois deste dia devo confessar que tenho evitado o contato com estes seres. Suspeito que o cargo da srta. ousadia seja alto entre as baratas e que sua morte seja pra elas uma afronta. Elas não mais me perdem de vista: trabalho, faculdade, casa. Onde quer que eu esteja, me encontro acompanhada e vigiada.
Hoje, quando andava de ônibus, pude perceber que todos os pontos de ônibus de minha linha tinham baratas aguardando. Confesso que senti certo desconforto e a desconfiança de que na verdade me esperavam saltar do ônibus.
Uma das baratas, ao ver que eu observava, passou a caminhar apenas em formato de oito. Oito é o símbolo do infinito. Aquele era, na verdade, um protesto pela morte de srta. ousadia: as baratas eram eternas, quer eu quisesse, quer não.
O cheiro da revolução se exala novamente e aguardo, apavorada, o novo ataque das asquerosas. Tento avisar aos que estão à minha volta, mas o máximo que recebo é um olhar de complacência. E os tambores abafam a morte do imperador.


Luna

Crônica do Bem Estar

Estranho como venho me sentindo extremamente voraz ultimamente. Rápida e fugazmente ingiro o que me aparece: um livro, um biscoito, um pedaço de aula, meu namorado. Aliás, tenho comido vorazmente e almejo manter-me em regime..
A psicanálise me diria que estou tentando preencher meu vazio interno com a comida. Pois conto eu à psicanálise que tento assim acalmar o ser em erupção, vulcânica e constante, com a qual me identifico e no qual me espelho.
Há em mim a compulsão pela vida, em todos seus detalhes e vivências, para ser experimentada de uma só vez, e ingerida lambuzando-se. Sinto-me deliciando-me com um bom sorvete de marshmallow.
E como é doce minha lambança!



Luna

segunda-feira, 17 de março de 2008

quero os simplismos
maybe not so brand
maybe not so new


or maybe a brand new try
to a brand new start


Luna
just a brand new start

sexta-feira, 14 de março de 2008

Eu te amo!

E o grito soou, no meio da noite, como um desabafo ao desamparo.
Aquele momento desconcertante.
E agora?
Agora ele sabe!

E soube. E para sempre. E como soube para sempre, nisso deu de pensar. E por mais que ela lhe falasse que era apenas êxito do gozo da noite e do prazer que sentira, a semente estava plantada.

A semente foi plantada naquele mesmo vaso, onde se plantam os sentimentos.
No vaso dele tinha semente de medo. Como quase todo vaso de homem, tinha plantado uma enorme vontade de não se envolver. A semente da insegurança era agora planta rufosa.
A sementinha do amor, tadinha, essa era só sementinha. Mal plantada, antes daquela aparição inesperada no meio da noite.

No vaso dela também tinha o medo. Semeado por muitos anos e homens. Tinha um medo enorme, planta feita. Chamava-se auto suficiência, catalogada em livros de ciência.
Essa ela regava diariamente. Tinha lido que assim se evitavam as populares ervas-daninhas-do-sofrimento.
Afinal de contas, seu jardim devia estar vistoso. Como poderia alguém se interessar por desertos áridos de terra sem vida?

A tal sementinha do amor, no entanto, quase em situação miraculosa, com intervenção de santo e padre, acabou se plantando.
No vaso dela foi primeiro, chegando-se e aconchegando-se, como se fosse sua casa, no meio do terreno árido. Que diabos aquela planta acha que é pra sobreviver à aridez que lhe impus?
Mas ali permaneceu. Sozinha.
Em sua terra não havia muita água.
Era um semi-árido que só findava no oásis da solidão e da auto-suficiência.

Atrevida como só ela, deu de querer viver. Ignorando avisos e descasos brotou. Agora era folhinha e não apenas semente. Dia após dia foram nascendo outras folhas.. outros ramos... outros galhos. A plantinha se exaltava quando, ao acordar, percebia o próprio crescimento. E se sacudia inteira, comemorando cada vitória. Ela sabia que era a alegria das vitórias sua única arma para a aridez do terreno.

Pra comemorar, Mariazinha, como fora apelidada pelas outras plantinhas do vaso, balançava-se, entregando-se ao vento. E trazia pra si a atenção. Quanto mais crescia, mais vistosa se tornava, e mais atenção chamava.

Em uma bela madrugada Mariazinha acordou. Olhou para o lado e ai meu deus!! todo um galho surgira, como mágica, ao seu lado esquerdo. Em um grito de felicidade lançou-se aos ventos e comemorou! Sentia-se forte e poderosa. Deu um grito, que soou fundo da noite escura!

Eu te amo!

o desabafo no desamparo.

Joãozinho, no vaso dele, ouviu. E deu de querer responder. Ele já ouvira de longe aquela voz. Reconhecia de longe sua amada. Sonhava diariamente em conhecê-la. Seria possível um dia criar pernas e libertar-se, correr para a beirada e gritar: Eu também!
Mas e se não fosse ele?
Joãozinho jamais vira Mariazinha. Escutara uma vez seu nome e nunca mais se esquecera.

(continua em capítulos a serem descobertos)


Luna
esse trem é muito divertido
Amor é a coisa mais estranha que nos pode acontecer.
Esse trem estranho
Chega devagarinho
Sem dar notícia de si.
De repente, quando se vê
ali ele já se instalou
No coração criou raízes
tão profundas que o envolvem por inteiro
e não é mais possível
escapar-lhe o sofrimento.

Mas junto com ele
vem todo o mundo
azul, verde, cor de rosa
e cor de pitanga
madurinha, gordinha
que a gente morde, deliciando-se
e o caldo escorre pelas mãos

amor é pra ser ser vivido assim
como pitanga madura colhida do pé
mordida com vontade
e fazendo escorrer desejos

(chupa essa pitanga!)


Luna
Se por cinco minutos
o medo deixasse de existir
e dele estivesse o mundo livre

o que aconteceria contigo?
o que aconteceria comigo?

onde está o princípio de tudo?
A coragem das pequenas coragens?

como a de dizer:
eu te amo!


Luna

terça-feira, 11 de março de 2008

tecno-logicamente
solitário



Luna
Olhos e bocas. Conversa; lágrima?
Uma expressão diferente.
Diferente. Estremeço.
Porque, afinal?
Amor, coisa mais complicada
Desconexo e harmonioso
para sempre
e finito.


Luna
Ser forte
é suportar
a fraqueza
o sentimento
a dor

E se alegrar
chorar de emoção
de dor ou de amor
e se entregar

de que vale amar sem entrega?
de que vale ser forte sem fraqueza?
de que vale a vida sem permissão?
própria, de próprio punho
sem cartório assinado
mas de coração na mão
pé na estrada
olho no horizonte
peito no outro
e liberdade de amar
amar, malamar
sofrer,
amar novamente

que somos nós senão seres de amor
em busca de amor
à procura enlouquecida de amor?


Luna
Dentro da mais profunda solidão
A descoberta está no outro
E não em si

Descobre-se a si mesmo
ser inexoravelmente
dependente
forte
sensível

Ser com o outro
e não no outro
Absolutamente
não-solitário
e em plena solidão.



Luna
Quem já provou
a delícia do amor
e o dissabor do não
Há de saber
o valor de um olhar
da intenção de um beijo
do suor de mãos e encontros

Há de saber também
da dor do laço rompido
da interrupção definida
definitiva
intransferível
e terrivelmente
impessoal.

Como pode ser
como pode aquele ser
tornar-se estranho
distante
fugidio?

Quero a vida de atriz
mas na vida real
viver um dia
e um personagem
todos os amores
e dissabores
as dores
e ao fim do dia
decidir outro papel
outros amores
e dissabores
outro romance.

Mas qual é, afinal
o romance da minha vida?



Luna
Que diabos, afinal, é isto que chamamos solidão?
Se é em nós que ela está
(e só lá ela pode existir)
Porque diabos ela continua?
Se já ordenei ao coração
à mente (in)sana
ao(s) corpo(s) são

Afinal de contas, defina-se!
Você mora em mim
ou eu em você?



Luna
o eu
o bicho mais solitário do planeta
contraposto ao nós
fruto do encontro

que faz o eu sozinho?
nada
uma imensidão
e nada
uma vastidade
e nada
todas as possibilidades à sua mão
e nada.

quando meu eu se for
por favor, recolha-o
creme seus restos e então
recolha suas cinzas.
Pulverize-as às águas
pra que, nem como restos,
possam ser "eus"

Por favor, resgate meu eu
deste mundo de eus sozinhos
permita à minha referência
o outro
os outros
os nós.



Luna

Diálogo com a solidão

Está em mim a paz
a solidão
a calma
e a vontade de ser

Mas o desejo
Esse não me pertence

Mora no outro
Esse estranho
que não me pertence
não me obedece
não é referido em mim

Como fica o desejo?
Onde está o amor?

A localização do amor
só os amantes sabem dar
é a ponte entre os dois outros
não é meu
mas também não é seu


é a des-ação
a des-vontade
é o outro em mim
transfigurado, refigurado
reticente

onde estou eu no outro?
onde está a saída da ponte?



Luna
é hj o início