terça-feira, 9 de setembro de 2025

A travessia

 há olhos que têm em si

a flecha que atravessa

adentram meus olhos, surpresos

descendo pela cachoeira da alma

se banham no oceano de mim


e quando os busco, toalhas em mãos,

pedindo que por favor se vão,

se riem, nadando-me

ferozes batedores de braços e pernas e mãos e peitos e bocas e nus

- porque no oceano de mim só se entra nua - 

dilaceram meu pudor


sentei-me então à beira da praia

contemplando a poesia

num mergulho e solto as vestes 

- que me prendem -

e sorrio, nua, nosso encontro

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