domingo, 7 de setembro de 2025

o corpo

Amontoado de órgãos e pêlos, 

pele e sangue, 

vias rápidas e lentas que me levam até você


Um passo adiante e todos os órgãos travam

como o jumento que se nega a ir adiante

E na força da brusca parada se batem uns nos outros

e estatelam dentro de mim, esparramados


Tentam voltar ao lugar e à ordem mas eles também já não a entendem

e o pulmão escorre pelas pernas

o coração insiste em tomar o lugar da cabeça

o estômago brigando que o novo peito tem ele sim


De repente os olhos te vêem passar

e todos os órgãos, se batendo por dentro, tentam encontrar a forma de darmos qualquer passo

caímos, no desengoçar do próprio infinito


As vísceras saudando o amor

sem perceber que será ele a penetrar tudo com a ordem de despejo da lógica em mãos

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