quinta-feira, 18 de setembro de 2025

Hoje escrevo com a minha alma, para ela e através dela.

Essa não é uma história que começa nessa vida

Hoje eu saúdo isso que atravessa e de novo e de novo, pelos tempos, forma o que eu sou.

Respiro

As memórias escritas embaixo da pele, papiro do que fui
Estrelas no meu respirar
uma luz que se apaga

Luto
Verbo e estado

Hoje entrego às estrelas de volta essa dor

Fui eu
Sou eu

Escolho fazer de minha casa alegria
De mim mesma amor 
Do amor, bondade
Deixo que a bondade reescreva meus ossos
Jamais subservientes
Abrindo espaço - e coragem - para que, dentro de mim, haja, sim, a luz.

A luz que vê. Que ilumina. Que acolhe. Que aquece.
Lareira que enternece a vida

Ao olhar meu passado um "falso amor" se faz. Esse que reduz. Que tira. Que desfaz. Que amputa.
Enxergar a responsabilidade que temos corta a própria carne
Exige
Coragem
Vivo, afinal.

Por muitas vidas o amor foi pra mim interdição 
E em parte por escorrer, noutra por se esconder, embaralhou o que eu sabia
e vivi, embaralhada
emaranhada
nas teias das minhas vidas
como aranha, bote e presa
dependurada

Vi a vida de cabeça pra baixo
E ela me viu
Ver a vida
E ser vista por ela
Dependurada
Na inversão do meu próprio ser
o amor torna-se dor
o encontro - suspensão 
o real imaginário 
a ponte explosão 
Vivi a dor, é verdade
Ela me viveu também 
Nos sons, nos cheiros, nas vísceras 
Esculpimos um  passado



Voltar a mim
Sem nenhuma pedrinha que me mostrasse o caminho
(o que existe por baixo dos cacos?)
trêmula chama
acendendo meu escuro
fogueira

No fogo que arde
Pulso de luz
Que veio da escuridão 
e só dela poderia se originar
expando a luz
atravesso
toco você 
As cascas, opacas, caem - uma a uma
e resta o brilho - fervoroso - de existir
Eu, vida
E pulso
queimando correntes
refazendo o amor
que me disse
Eu posso. Eu curo.

Ouvi sua música 
No sim da existência 
Hoje, é a porta dessa vida que abri e convido, vem.
Entra, canta, dança e pulsa
O som que cura.

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